Nesta tarde iniciei a leitura do livro “O Menino do Rio Doce”, do Ziraldo com as crianças. Comecei como de costume perguntando o que eles viam na capa do livro. As crianças responderam que viam um barco, pessoas dentro do barco, casas ao fundo, um rio ou mar etc. Continuei perguntando sobre o que elas achavam que iria falar a história. As crianças: sobre o menino; sobre como pescar; sobre as pessoas passeando de barco; etc. Então li o título do livro para elas: O Menino do Rio Doce. Com o ar de curiosidade, algumas crianças repetiram baixinho o nome do livro e uma me perguntou: “Professora, a água do rio tem açúcar?” Respondi, devolvendo a pergunta para a turma: “O que vocês acham?” Foi aquele alvoroço (risos). Responderam que não, que a água do rio não tem açúcar. Então perguntei à turma: “Por que, então, chamamos a água do rio de água doce?” As crianças foram dando suas hipóteses até que uma falou: “Será por que a água do mar é salgada?” “A água do mar tem sal?” Perguntei. “Sim”, responderam. “A água do mar tem sal, então nada mais que justo chamá-la de salgada, mas se a água do rio não tem açúcar, por que a chamamos de doce?” Perguntei. Uma criança falou: “Ah, acho que é só mesmo para diferenciá-la da água do mar.” Outra criança perguntou: “Professora, quem colocou sal na água do mar?” Devolvi a pergunta à turma. Surgiram várias hipóteses: o sal nasceu no mar mesmo; quando chove a água vai correndo para o mar levando tudo o que encontra no caminho, até o sal… Até que uma criança falou: “Não é nada disso, o que acontece é que quando as ondas do mar batem nas pedras retiram os sais minerais que estão nas pedras, então eles vão para a água do mar e ficam lá”. Fiquei pasma com as colocações delas!!!!

Trecho extraído da dissertação “A participação das crianças na alfabetização e na avaliação deste processo: uma pesquisa sobre a própria prática” (Leticia Roberta G. M. da Silva, 2021, p. 90)

Janeiro 2022